Presidente do SECOM fala dos desafios, transformações e lutas por melhorias para comerciários

Em entrevista aos nossos portais, o presidente Luciano Ribeiro fala sobre os desafios e transformações no setor, assim como a luta constante por melhorias para os trabalhadores, com algumas conquistas.

O Sindicato dos Comerciários (SECOM) atua hoje em seis cidades do interior paulista: Itu, Salto, Indaiatuba, Boituva, Porto Feliz e Cabreúva.

Embora próximas geograficamente, essas cidades vivem realidades diferentes quando se fala em comércio e emprego. O perfil econômico — se mais voltado ao comércio ou à indústria — impacta diretamente a dinâmica do setor, os desafios enfrentados pelas empresas e trabalhadores, e as estratégias adotadas pelo sindicato.

Crise de atratividade no comércio

Em todas as cidades, o SECOM aponta um problema comum: a baixa atratividade das vagas no comércio. O setor enfrenta uma escassez crescente de trabalhadores. Entre os principais motivos estão:Jornadas exaustivas, com trabalho em domingos e feriados; salários próximos ao piso da categoria, muitas vezes sem incentivos financeiros ou planos de carreira, Falta de benefícios básicos, como cesta básica, vale-alimentação, assistência médica, desinteresse dos jovens, que não veem mais no comércio uma porta de entrada atrativa para o mercado de trabalho, e justamente devido à dificuldade e mão de obra, redução de equipes com acúmulo de funções.

Além disso, muitos trabalhadores optam por atividades informais que permitem mais flexibilidade e acesso a programas sociais — o que, na prática, acaba sendo mais vantajoso do que um emprego formal sem benefícios.

Mulheres em busca de reinserção e estabilidade

Um fenômeno crescente é a retomada da vida profissional por parte de mulheres que, após se dedicarem à maternidade, buscam agora uma renda própria e autonomia. “Vemos muitas mulheres que se casaram, tiveram filhos, se separaram e agora querem voltar ao mercado. Elas buscam segurança, qualificação e benefícios de um trabalho formal”, afirma Luciano do SECOM. Em cursos oferecidos recentemente pelo sindicato, algumas dessas mulheres já saíram com emprego garantido.

Direitos trabalhistas: luta pelas mulheres

O cumprimento da legislação trabalhista ainda é um desafio, especialmente quando se trata da jornada de trabalho e dos direitos específicos das mulheres. Um exemplo é o artigo 386 da CLT, que prevê uma folga dominical a cada 15 dias para as trabalhadoras do comércio. Apesar da existência da Lei 10.101/2000 — que permite folgas em domingos alternados — o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, no fim de 2023, que a proteção especial às mulheres deve ser garantida.

O SECOM tem atuado fortemente na cobrança judicial dessas folgas, e ganhado as ações. Mesmo assim, muitas empresas só ajustam suas escalas quando perderam todos os recursos. Outras, tentam cumprir a lei, mas veem na falta de mão de obra um grande empecilho.

Luta por melhores condições

A busca por melhores condições de trabalho continua sendo uma das principais frentes do SECOM. “Lutamos por benefícios reais: vale-alimentação digno, plano de saúde, premiação por assiduidade…”, afirma a entidade. Como a negociação coletiva com entidades patronais muitas vezes não avança, o sindicato parte para a negociação individual com cada empresa — e, em alguns casos, consegue avanços significativos. Este é um caso recente: junto ao Tenda de Salto, Itu e Indaiatuba, o sindicato conseguiu a negociação de R$ 250 em forma de vale-creche, para quem tem filhos de 6 meses há 6 anos. “Até o setor de Recursos Humanos ficou contente, pois é uma forma de diminuir a rotatividade de funcionários e fidelizar os trabalhadores”.

Luciano destaca ainda que, enquanto alguns sindicatos passam por crises nos últimos anos, o SECOM segue relevante para seus associados, com diversas vantagens, como como check-up médico, seguro de vida, assistência residencial, kit escolar, salão de beleza com direito a um procedimento mensal, entre outros. E para quem busca lazer e diversão, o Clube de Campo oferece 25 mil m² de estrutura completa, com quatro piscinas, parque infantil e salão social em Salto,  além do Parque Aquático em Avaré.

Características de cada cidade:

Indaiatuba: crescimento e escassez de mão de obra

Com forte vocação para o comércio e serviços, Indaiatuba tem se destacado na região. Recentemente, dois grandes supermercados abriram as portas na cidade e novos empreendimentos estão em fase de implantação. No entanto, o crescimento rápido esbarra em um problema sério: a dificuldade para contratação de funcionários. A falta de benefícios, jornadas extensas e baixos salários têm afastado a mão de obra, especialmente os mais jovens.

Salto e Itu: vocação comercial, mas com desafios estruturais

Salto e Itu mantêm uma tradição mais voltada ao comércio. Em Salto, por exemplo, há carência de empreendimentos como shopping centers e mais opções de lazer e gastronomia, fazendo com que muitos moradores recorram às cidades vizinhas, como Itu e Indaiatuba. Já Itu tem recebido diversos supermercados — como Pague Menos, São Vicente, Delta e Roldão — atraídos pelos custos operacionais mais baixos. Ainda assim, a falta de mão de obra qualificada persiste.

Cabreúva: entre o comércio e a logística

O destaque em Cabreúva é o bairro do Jacaré, onde se concentra um dos maiores polos logísticos da América Latina. Ali, está instalado o centro de distribuição da Renner, considerado um dos mais modernos do mundo, com cerca de 1.600 funcionários, todos vinculados ao setor do comércio. Apesar da estrutura atual do SECOM na cidade ser modesta, já há projeto em andamento para construção de uma nova sede, com auditório e salas de curso, visando ampliar a atuação sindical.

Boituva: comércio fortalecido e nova dinâmica urbana

Boituva passou por uma verdadeira transformação nos últimos anos, com a chegada de novas indústrias e atacadistas. A inauguração de um shopping moderno gerou empregos e aqueceu o comércio. O crescimento, porém, trouxe novos desafios: acompanhar a demanda por trabalhadores qualificados e garantir direitos em um mercado em rápida expansão.

Porto Feliz: indústria como motor do comércio

Embora o comércio tenha crescido, Porto Feliz se desenvolveu principalmente devido à chegada de grandes indústrias — como uma fabricante de papel nacional e a unidade de motores da Toyota. A política pública local foi decisiva para esse avanço. Com isso, o comércio cresceu em ritmo proporcional, mas ainda dependente da força do setor industrial.

Redação

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